segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Último relato / Fases.

"A vida é uma viagem - passagem só de ida. Há quem diga que não vale, há quem mate pra viver." (EngeHaw)

   Eu prometi que não choraria. Por muito, pensei que não haveria motivo, mesmo diante de tal situação, para chorar, afinal, tão esperado desde o princípio foi tido este fato, conhecidamente normal; eu não entendi que ficaria tudo diferente. Mais que muitas coisas, agora entendendo que, até essa manhã, tal estagnação era o puro medo de admitir e assumir que essa foi mais uma fase concluída.

   Lembro-me bem do final de meu ensino fundamental. O quanto chorei, o quanto me agarrei nas pilastras da Escola Municipal Mateus Maylasky. Eu era novo, e realmente eu deixaria ali muitas coisas que por tanto haviam sido tão essenciais. Mas cresci e amadureci. Hoje, vejo quanto tal acontecimento era importante, hoje tão mais aceitado, e, deveras, não mais que o começo de tantas coisas. Para quem entrou totalmente moleque no Colégio Politécnico, minha saída tão mais experiente do convívio de pessoas, mais ciente de como se faz a vida é uma surpresa para todas as outras situações tidas antes, tal como a citada.

   Entrei, após o intervalo, no banheiro. Olhei aquelas paredes brancas, as portas imóveis e sempre iguais como todas vezes que as vi, os papéis higiênicos ordeiramente postos sobre as colunas que separam as privas, as pias impecáveis... Assenti. Não consegui engolir o nó que me sobreveio intransponível à garganta. Depois de tantas risadas, conversas, situações cômicas vividas alí, posto também tal orgulho de um banheiro tão devidamente limpo, eis que era o esperado que nunca pensava estar tão próximo: a última vista. Não consegui levar adiante tal devaneio, os fantasmas desses momentos que já me circundavam, pois haveria muitas outras coisas que seriam últimas nesse dia. Subi duro dois pisos.

   Na classe, a despedida se fez por fotos e brincadeiras dos meus colegas de sala. Eu não vi lágrimas nesse último dia. Apenas a alegria os pareceu desmentir que eram aquelas nossas últimas aulas no colégio. Eu não esqueci e vi tal cena tão reflexivo como me fiz nesse dia. Foi lindo, ao passo que estranho, uma vez que, nesses quase três anos, o que por normal, os vi tantas vezes brigar, se desentender. Está o caso de porque ser lindo. Forte como uma rocha, não me desfiz por lágrimas.

   As vozes dissiparam-se na ansiedade deles de irem. Foram-se. Ficaram junto comigo o eco das risadas, das conversas, dos muitos choros, dos gritos, do medo dos primeiros dias no pátio da escola. Ia indo também quando os notei e voltei-me ao enorme, por estar vazio, pátio. Fundiu-se, dessa forma, a lembrança de ter visto, no mesmo grau de frequentação de nossa parte, a quadra, quando a fiz na última semana. Os corredores vazios, o pátio calado, a quadra incrivelmente serena - meu coração inquieto como uma concha por dentro, de memórias. Olhei-os atentamente pela última como um aluno que deve muitas coisas àquele lugar, sabendo que, se voltar, será como o cidadão Antonio Rolim Júnior, não como o aluno de algum B.

   Então, naquele momento, eu entendi e chorei.

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   Nossa vida se faz de fases. Tua vida terá mil fases. Em algumas você estará muito acompanhado e, por isso, distraído e tendo uma fonte para tirar, de lá, a solução de muitos de seus problemas. Enquanto há fases de pura solidão, e a única coisa ouvida são os murmúrios de sua saudade no seu coração - ou a esperança! Pois a fase passa e há outra. Há fases de puro contentamento cálido, enquanto em algumas você irá querer por fim às fases. A cada seguinte situação, eis um novo você, vivendo e aprendendo, sim, pois mesmo errando é sabido, ou nem sempre; fases são de valor prático e cada fase tão singular.
 
   O que foge do controle, tristemente, é o que fica entre uma fase e outra. Há um rito de passagem que nem todos querem passar, mesmo necessário. Mesmo que difícil, ainda assim, essa foi só mais uma fase. Não merece, claro que não, ser desmerecida, mas nossas vidas não se limitam a três anos, nem aos desejos de ser eternamente uma única coisa. Lembre-se, a cada fase, eis um novo e diferente você. As lições ficam, os meio de aprendizagem se renovam, e teu caderno de anotações é o que chamas de vida.

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   Às pessoas que conviveram comigo nos últimos três anos quase todas as manhãs. Meu eterno obrigado e enorme desejo de reais felicidades.




   Fiquem com Deus.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Que hiato este?

   "Como um exílio de mim mesmo e das coisas que não possuo."

   Antes que cobrem-me mais, vou, ao menos, postar alguma coisa aqui. 

   Retificando, apenas não escrevo mais regularmente no meu blog (se antes já fiz isso), pois, a cada post, é tanto tempo que se vai, e não é a toa que, numa ampulheta, o tempo é medido por areia. Ainda assim, como tenho guardado alguns trabalhos literários criados nesse meu hiato de presença aqui, vou, aos poucos, postá-los, enquanto produzo outros. Como hobby, a escrita, as declamações e os devaneios de cada manhã e a quietude de cada noite estão, e sempre estarão, comigo, portanto, não gasto, nem no meu dia-a-dia, tanto tempo com eles. O difícil é pô-los todos aqui. Eis que tentarei.

   Hoje posto meus vídeos em que declamo poemas, alguns mui conhecidos, outros meus. Assim estabeleço certo ponto em comum entre meus poemas e os poemas desses meus amigos que não conheço mas que escreveram tanto para mim - sem saber.

   São eles:

SE EU MORRESSE AMANHÃ (ÁLVARES DE AZEVEDO), VOLTA (ANTONIO ROLIM JÚNIOR)

ANNABEL LEE (EDGAR ALLAN POE)


OLHOS VERDES (GONÇALVES DIAS)

SONETO 101 (LUÍS DE CAMÕES), FINAL (ANTONIO ROLIM JÚNIOR)

SONETO DE SEPARAÇÃO (VINÍCIUS DE MORAES), TOADA DO AMOR (CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)



   Pretendo fazer mais vídeos como esse, tanto para homenagear os poetas e poemas que amo, quanto para divulgar os meus.

   Falando em divulgar, no próximo post falarei a respeito do meu primeiro projeto de escrita, um livro de poemas, intitulado "Velho aos Dezesseis", além do meu próximo projeto, agora em andamento, "O Último Parnasiano".

   Obrigado por ler.