sábado, 24 de dezembro de 2011

E então é Natal!

"Um nome é melhor do que bom óleo, e o dia da morte [é melhor] do que o dia em que se nasce." (Eclesiastes 7:1)



   DGINGON BEL DGINGON BEL DGIBON LÁVOEEEEEEEIIIIII




 
   Chega! --'

   Ah sim, o Natal! Nessa época do ano tudo fica vermelho. Época em que os íntegros jornais só passam receitas e formas de se fazer diversas guirlandas exóticas. Todos tiram fotos com gorros ridículos, as mensagens reconciliatórias chegam a todo momento de todos os cantos. Até quem mesmo você não conhece te deseja um feliz natal.

   O Natal é a festa mais comum de toda a humanidade. Até mesmo em países não cristãos, como a China, é possível se ver Papais Noéis em vitrines de lojas nas cidades grandes. Por isso mesmo, o Natal é a festa em que mais se aumenta a economia, pois é uma época específica para se gastar, como diz a tradição. Se você não der um presente deixará os outros tão tristes como você ficará se não ganhar um.

   Presentes, amigos ocultos, vinte e cinco de março, décimo terceiro, família... - uma festa totalmente voltada para o comércio. Com isso, as pessoas esquecem o que supostamente se comemora nessa data: o nascimento do Cristo. Mas o que um velho gordo e barbudo que dá presentes para todas as crianças do mundo, uma árvore toda enfeitada, duendes, renas, chaminés... o que tem todas essas coisas a ver com o Cristo? Foi realmente nessa data suspeita em que Jesus nasceu? É de real importância a comemoração dessa festividade? O livro Sacred Origins of Profound Things (Origens Sagradas de Coisas Profundas) diz: “Por dois séculos após o nascimento de Cristo, ninguém sabia, e poucos se importavam em saber, exatamente quando ele nasceu.” Se até os cristãos do primeiro século, os registrados na Bíblia, não se importavam com o nascimento de Cristo, devemos nós nos importar hoje?


   Notem alguns fatos, garotinhos.

   O único lugar onde se há registros confiáveis e completos a respeito da vida de Jesus é na Bíblia. Ainda assim, nela não há a data do nascimento do Messias (palavra que significa Ungido, ou, "designado para um cargo especial" - atribuído a Jesus), apenas de morte. Todavia, esse livros diz onde Jesus nasceu e sob quais condições climáticas. Veja o que diz Lucas (título do livro de um dos apóstolos de Jesus, onde se relata partes de sua vida) 2:8-11 :

   "Enquanto estavam ali, completaram-se os dias para ela dar à luz. E ela deu à luz o seu filho, o primogênito, e o enfaixou e deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles no alojamento. Havia também no mesmo país pastores vivendo ao ar livre e mantendo de noite vigílias sobre os seus rebanhos. E, repentinamente estava parado ao lado deles o anjo de Jeová, e a glória de Jeová reluzia em volta deles, e ficaram muito temerosos. Mas o anjo disse-lhes: 'Não temais, pois, eis que vos declaro boas novas duma grande alegria que todo o povo terá, porque hoje vos nasceu na cidade de Davi um Salvador, que é Cristo, [o] Senhor.'"

   Note que no relato inspirado de Lucas ele diz que haviam "pastores vivendo ao ar livre e mantendo de noite vigílias sobre os seus rebanhos". Os mêses judaicos que correspondem a dezembro e janeiro são, respectivamente, quisleu e tebete. Esses meses eram os meses mais frios do ano, com nevadas ocasionais nos planaltos. Até mesmo em outras partes da Bíblia isso é admitido. O escritor bíblico Esdras disse que depois de uma multidão se ajuntar em Jerusalém (próximo de onde Jesus havia nascido) "no nono mês (quisleu), no vigésimo dia do mês, e todo o povo ficou sentado na praça da casa do [verdadeiro] Deus, tiritando por causa do assunto e por causa das chuvadas." (Esdras 10:9) Depois ele conclui: "No entanto, o povo é muito, e é a época das chuvadas e não é possível ficar de pé do lado de fora." (Esdras 10:13) A obra Daily Life in the Time of Jesus declara: “Os rebanhos . . . passavam o inverno em abrigo; e somente disso já se pode ver que a data tradicional para o Natal, no inverno, é improvável quanto a ser a certa, visto que o Evangelho diz que os pastores estavam nos campos.” — (Nova Iorque, 1962), Henri Daniel-Rops, p. 228.
 
   Portanto, só por essa informação, fica muito óbvio que Jesus não nasceu em 25 de dezembro. Além disso, festas para comemoração de aniversários era um costume evitado pelos cristãos do primeiro século, como admite a enciclopédia World Book: "os primeiros cristãos consideravam um costume pagão celebrar a data de nascimento de qualquer pessoa”. Celebrações de aniversário tem origem pagã. Por exemplo, na Bíblia somente são mencionados duas ocasiões com aniversários, ambas de pessoas não adoradoras de Jeová (o nome de Deus na Bíblia) - (Gênesis 40:20; Marcos 6:21)

   Mas por que raios então 25 de dezembro?


   Uma festa chamada Saturnália era muito comum em Roma antes da era cristã. Comemorada durante uma semana, essa festa iniciada em 17 de dezembro tinha, como objetivo, desvirtuar os caráteres da sociedade, quando escravo não era escravo por esse tempo, festa, bebidas, sexo, jogos de azar, e outros eram liberados em Roma de forma desordenada. Ninguém trabalhava, era proibido. A única coisa que se podia era fazer tudo o que nos outros dias não se podia, inclusive, como cultura, distribuir presentes ao visitar amigos. Todos os departamentos públicos paravam de funcionar para comemorar, nessa data, o deus Saturno, durante o solstício de inverno, para, ao adorar as divindades, incluindo o deus Sol, pedir-lhe que o inverno não fosse tão forte. Quando o "cristianismo" foi oficializado em Roma, para a igreja se consolidar, foram incluídas nessas comemorações pagãs, como a Saturnália, a comemoração do nascimento do Cristo, mas sem mudar os costumes das festas.

Representação de uma Saturnália



   A Enciclopédia Barsa nos informa: “A data atual [25 de dezembro] foi fixada . . . a fim de cristianizar grandes festas pagãs realizadas neste dia: a festa mitraica . . . que celebrava o natalis invicti Solis (“Nascimento do Vitorioso Sol”) e várias outras festividades decorrentes do solstício do inverno, como a Saturnalia em Roma e os cultos solares. . . . A idéia central das missas de Natal revelam claramente esta origem: as noites eram mais longas e frias, pelo que, em todos estes ritos, se ofereciam sacrifícios propiciatórios e se suplicava pelo retorno da luz. A liturgia natalina retoma esta idéia.” — (São Paulo, 1968), Vol. 9, pp. 437, 438.

   A New Catholic Encyclopedia reconhece o seguinte: “A data do nascimento de Cristo não é conhecida. Os Evangelhos não indicam nem o dia nem o mês . . . Segundo a hipótese sugerida por H. Usener . . . e aceita pela maioria dos peritos hoje em dia, designou-se ao nascimento de Cristo a data do solstício do inverno (25 de dezembro no calendário juliano, 6 de janeiro no egípcio), porque, nesse dia, à medida que o sol começava seu retorno aos céus setentrionais, os devotos pagãos de Mitra celebravam o dies natalis Solis Invicti (aniversário natalício do sol invencível). Em 25 de dez. de 274, Aureliano mandou proclamar o deus-sol como o principal padroeiro do império e dedicou um templo a ele no Campo de Marte. O Natal se originou numa época em que o culto do sol era particularmente forte em Roma.” — (1967), Vol. III, p. 656.

   Essas festividades pagãs começaram a ser "cristianizadas" no ano de 350, quando o Papa Júlio I declarou o dia 25 de dezembro como o dia do nascimento do Cristo. "Aos poucos, a natividade foi incorporando ou substituindo todos os outros rituais solsticiais", diz a The Encyclopedia of Religion (A Enciclopédia da Religião). “Imagens do Sol passaram a ser cada vez mais usadas para retratar o Cristo ressuscitado (que também era chamado de Sol Invictus), e o antigo disco solar . . . se tornou a auréola dos santos cristãos.”


Auréola dos santos cristãos são representações e junções
destes com o deus-Sol, como, no caso da foto e, principalmente, de Jesus.



  Resumindo: em certa época de Roma haviam muitos cristãos, assim como haviam muitos pagãos. Usando a festa do deus-sol que os pagãos cultuavam, sob um pretexto para os unir, juntaram, numa só festa, ambos os lados, comemorando o nascimento do Cristo e o deus-Sol.
 
   Aniversários natalícios eram comuns em Roma. Eles acreditavam que um espírito acompanhava o nascimento de cada ser humano e o protegia pelo resto da vida. “Esse espírito tinha uma relação mística com o deus cuja data de nascimento era a mesma que a da pessoa”, diz o livro The Lore of Birthdays (A Tradição dos Aniversários Natalícios) Por isso que os cristãos do primeiro século não comemoravam.

   E o Papai Noel, Biro? D:

   Eu poderia aqui escrever toda a origem dele, mas, preciso falar mais alguma coisa ou dizer se isso é aceitável para Deus, jovem? (Efésios 5:10)

   Presépio






   Pensou em Natal, automaticamente se pensa em presépio, que seria a representação da cena do nascimento de Jesus. Mas acreditem, há muitos erros nessa simples imagem.

   "Ai, por que, Biro, é tão lindo!" Mas a Bíblia não diz quantos "magos" eram. E outra, não diz que eram magos, e sim astrólogos, que, por isso, reconheceram a diferença daquela estrela.

   Mateus 2:1,2: "Depois de Jesus ter nascido em Belém da Judéia, nos dias de Herodes, o rei, eis que vieram astrólogos das regiões orientais a Jerusalém, dizendo: 'Onde está aquele que nasceu rei dos judeus? Pois vimos a sua estrela [quando estávamos] no Oriente e viemos prestar-lhe homenagem.'"

   Veja que eram "astrólogos das regiões orientais". Astrologia é uma prática condenada por Deus.(Deuteronômios 18:10, Jeremias 10:2) Portanto, como Deus dirigiria pagãos para ver o nascimento do Cristo? Além disso, também veja o que aconteceu quando eles vieram procurar Jesus. O versículo 3 em diante continua:

   "O Rei Herodes, ouvindo isso, ficou agitado, e, junto com ele, toda Jerusalém; e, convocando todos os principais sacerdotes e escribas do povo, começou a indagar deles onde havia de nascer o Cristo. Disseram-lhe: 'Em Belém da Judéia; pois é assim que se escreveu por intermédio do profeta: ‘E tu, ó Belém da terra de Judá, de nenhum modo és a [cidade] mais insignificante entre os governadores de Judá; pois de ti sairá um governante que há de pastorear o meu povo, Israel.’'
   Herodes convocou, então, secretamente os astrólogos e averiguou deles cuidadosamente o tempo do aparecimento da estrela; e, ao enviá-los a Belém, ele disse: 'Ide e procurai cuidadosamente a criancinha, e quando a tiverdes achado, avisai-me, para que eu também possa ir e prestar-lhe homenagem.' Tendo ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela que tinham visto [quando estavam] no Oriente ia adiante deles, até que se deteve por cima do lugar onde estava a criancinha. Ao verem a estrela, alegraram-se muitíssimo. E, ao entrarem na casa, viram a criancinha com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, prestaram-lhe homenagem. Abriram também seus tesouros e presentearam-na com dádivas: ouro, olíbano e mirra. No entanto, por terem recebido em sonho um aviso divino para não voltarem a Herodes, retiraram-se para o seu país por outro caminho.
   Depois de eles se terem retirado, eis que o anjo de Jeová apareceu a José num sonho, dizendo: 'Levanta-te, toma a criancinha e sua mãe, foge para o Egito e fica ali até eu te avisar; porque Herodes está prestes a procurar a criancinha para destruí-la.' Levantou-se, pois, e tomou de noite a criancinha e sua mãe, e retirou-se para o Egito, e lá ficou até o falecimento de Herodes, para que se cumprisse o que fora falado por Jeová por intermédio do seu profeta, dizendo: 'Do Egito chamei o meu filho.'
   Herodes, vendo então que tinha sido logrado pelos astrólogos, foi tomado de grande fúria e mandou eliminar todos os meninos em Belém e em todos os seus distritos, de dois anos de idade para baixo, segundo o tempo que tinha cuidadosamente averiguado dos astrólogos."

   Quantos astrólogos eram? Não diz =D
   Onde eles encontraram Jesus? Numa casa. Mateus 2:11 diz: "E, ao entrarem na casa, viram a criancinha com Maria." Eles não estavam mais no estábulo, já estavam, com certeza, numa casa. Lucas 2:7 diz: "E ela deu à luz o seu filho, o primogênito, e o enfaixou e deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles no alojamento." Não poderiam ficar lá para sempre. Até os astrólogos verem a estrela, irem até o rei e depois irem até Jesus não foi coisa do dia para a noite.
   A estrela serviu para quê? Para guiar os astrólogos até Jesus, mas para informá-los ao Rei Heródes que queria MATAR Jesus. Eles iam fazer isso porque Herodes os enganou, os astrólogos tinham boas intenções, mas seriam enganados e Jesus morto. Seria então essa estrela realmente coisa de Deus se era para levar Herodes até Jesus?

   ÉÉÉÉÉÉÉ, MALANDRO.

   Tem realmente importância saber a origem dessas festividades?

   Por mais que hoje as pessoas professem que o Natal é um dia de fraternidade, felicidade, reconciliação... é realmente assim que acontece? E quando acaba a festa? Além disso, os costumes pagãos tem importância sim, demonstram com que interesse foram criados, no caso do Natal, sem ponte nenhuma com a vontade de Deus, já que assim muitos professam. Na Saturnália, que precedeu o Natal, como visto, era uma festividade em que as quebras de lei, falta de prudência e a imoralidade sexual eram totalmente bem vindas, assim como as pessoas, nos dias de hoje, usam essa festa para se embriagar, quebrar leis, festejar, não para estar em família ou, ainda assim, só existe essa característica familiar porque, na Saturnália, era feita - ajuntar-se aos amigos e trocar presentes. Mas uma festa pagã!

   Além disso, Jesus pediu para que comemorassem sua morte (Lucas 22:17-20), que tem muito mais significado do que seu nascimento. E você, sabe porque Jesus teve de vir ao mundo? De verdade? Mesmo? Isso é o que era para ser lembrado, não para pensarmos mais no que vamos ganhar ou presentear ou gastar ou festejar, e, ainda por cima, numa época errada e numa festa com conceitos pagãos.

   Qualquer dúvida é só me contatar.

   *Salvo outra indicação, todas os bíblicos são da Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas.

   Um poema meu para o Natal:


VINTE E CINCO DE DEZEMBRO

Uma luz no oriente nasce,
Ofusca o olho ocidental.
Tudo o que toca agora é
Tão longe do que é real.

As famílias tocam e comem;
A América janta a luz
No que ela tanto deduz
Ser a data berçal do homem.

Que tanto sim, foi a época
Das felicitações postas
E impostas para sarar
As pendências sobrepostas

E o bom velho polonês
‘Inda traz lembranças desta
Que os pagãos chamam de acordo
E o ocidental diz que é festa.



 


Fiquem com Deus.


 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Voltando a postar/ Férias/ Facebook

   "Alguns em ócio criam, outros morrem, outros descansam... mas todos sentem a veracidade de ser humano."
 
   FÉRIAS! Sim, elas ainda existem!
 
   É que nem mais me lembrava do que era estar de férias. Por um tempo, durante esse semestre, até mesmo pensei que férias era um mito, uma lenda. "Há muito tempo, em épocas de reis e rainhas, eis que bravos homens, após incansáveis guerras, descansavam num período denominado 'férias'".

   Nunca tive um semestre tão estressante e cansativo como esse. Diz a lenda, sim, agora, por hora, uma lenda que, ano que vem (meu terceiro ano no ensino médio), tende a piorar. Não duvido, mas prefiro continuar achando que é apenas uma lenda.

   Por hora, quero curtir minhas férias para descansar e trabalhar mais para Jeová. Quero, também, além, pois mereço, tocar todas as músicas que apenas idealizei no ano. Recuperar minha guitarra largada, que é mais 'jogada' do que 'tocada'.

   Todos gostam de refletir no que farão nas férias, mas na verdade não fazem nem dez por cento de tudo. Aos que fazem - seus criados a leite com pera- parabéns. Nunca viajo, nem vou à praias, nem à Europa, nem à casa de meus tios - pois não tenho tios fora do estado-, nem vou à clubes, etc. Minha vida limita-se apenas à Votorantim e Sorocaba. Fisicamente.

   Agora que finalmente tenho tempo, voltarei a escrever nesse blog que, não sei como, tem gente que lê - E ME COBRA! Aos queixosos, sim, agora postarei mais coisas.

   Quis por muito escrever várias coisas, mas não tinha tempo algum para nada em tudo. Tenho vários assuntos para por meu ponto de vista analisar. Lembro-os, porém, que não vou propor quase nada a resolver, só gosto mesmo de comentar xD Tenho mil novos poemas aos que gostam, mil assuntos aos interessados, e muito eu aos desocupados.

   Não consigo fazer duas coisas ao mesmo tempo, ou hei de escrever ou terei de fazer meus trabalhos de escola; porém, agora sem trabalho de escola, sobra-me tempo para escrever. Estressado não sai nada e até maldigo a poesia e os poetas. É uma coisa qual um outro eu, não sei. Como então poderia mostrar meu ponto de vista se, nessas horas, eu seria outro - apenas mais um estudante desorientado de tanta informação na cabeça? Sobre isso, digam-me: onde é que se chega passando todo o tempo da vida estudando para conseguir muita coisa e morrer? Mas isso é um assunto que merece uma dissecação própria, talvez outrora.

   Estou mesmo aqui para, além de explicar minha ausência, falar sobre uma mídia social que vem me irritando : Facebook.

 


   Esse é realmente o ponto, Meme lindo.
   
   O Facebook ficou legal demais. Popular, desbancou de longe o Orkut. Criancinhas juvenis dessa época nem mais sabem o que foi o Orkut. Orkut é coisa do meu tempo agora. Até me chamam de "tiozinho" porque digo que ainda TENHO uma conta no Orkut.

   Uma coisa que eu até gosto no Facebook é que não tem tanto pobre. Eu também sou 'póbi'. A questão nem é ser pobre, mas sim fazer farofada! Antes, o Orkut era uma farofada só. Era foto de loira tingida com um murão de tijolo atrás, uma piscina de criança cheia de gente feia, homens barrigudos e muita cerveja na mão. No Facebook não se vê tanto essas coisas. O que na verdade me chamou a atenção ao Facebook foi sua discrição e um certo glamour (HMM, BOIOLA). Mas realmente eu não via um canjiqueiro ter Facebook há algum tempo. 

   Hoje não está tão diferente. Se tornou muito popular, nos possibilitando entrar em contato até com pessoas famosas, para alguns, seus ídolos. 

   
   Mas toda essa soberba me deixou um pouco encabulado com o passar do tempo. 

   Como sempre, por ser assim, as pessoas começaram a ser chatas demais. Foi ai que descobriram (pelo visto, só quando inventaram o Facebook) que animais sofrem, que gente morre, que cigarro mata, que estão desmatando as florestas... É, e tudo isso me irrita muito.


   Tenho, tenho sim. Sinto muito pelos bichos e acho que deve haver uma conscientização sobre isso, inclusive o banimento de tais maus-tratos. O que realmente me deixa com muita raiva é que, após isso, geralmente acontece isso:


   Agradeço ao professor Marcos Faciaben que deu esse exemplo épico de alienação numa de suas aulas e que a uso até hoje.
   
   Mas é algo assim que acontece. Eu duvido que alguém que poste tais fotos realmente faça algo para parar com isso, ou realmente se envolva com isso.

   Uma vez vi o post de uma foto falando sobre a fome na África;

   MAS TEM GENTE NO SEU BAIRRO PASSANDO FOME, DIABO!!! COMO VOCÊ QUER FINGIR QUE SE PREOCUPA COM LÁ SE EU TENHO CERTEZA QUE VOCÊ NÃO SE IMPORTA COM OS MENDIGOS NA RUA?!?!!?!??!?!

   Agora é só ligar com o que eu estava dizendo lá em cima: a maioria das pessoas que fazem essas coisas são as "futeizinhas" que eu estava dizendo quando comecei a falar do Face... hm...

   Ah, cara, de boa, se não vai realmente ajudar, não fica pondo as fotos querendo dar uma de justiceiro não. Já abro o jornal para ver desgraça, e quando vou fazer algo um pouco mais light você me vem com essas fotos piores ainda? Acredite, você não vai conseguir muita coisa fazendo isso. Não pense, de verdade, que tenho coração de pedra, muito pelo contrário, sei muito bem desses problemas e espero todo dia por quando ele será resolvido, mas não é ficando ai na sua cadeira REpostando fotos que você será o Super Man hoje.

   Portanto, Facebook e Futilidade são coisas que se combinam muito bem. Sinto-me muito Salomão por achar tudo uma vaidade, mas cara... realmente é. 

   Você ser Facebook e não ter um fútil, tudo bem, mas todo fútil tem um Facebook.

    Acho o cúmulo entrar em discussões sobre a maior importância que as pessoas dão ao corpo do que a própria pessoa em essência, mas até isso estão fazendo no Facebook. Vejo fotos de corpos malhados com salários e nerds ao lado com seus salário e uma pergunta do tipo: qual você escolheria? Dinheiro e como é o corpo é mais importante do que a pessoa realmente é. Infelizmente.

    Quase sempre, essas mesmas pessoas são aquelas que, depois, postam fotos com frases: Deus é meu caminho, meu guia...

    NÃÃÃÃÃÃÕOOOOO, DESGRAÇA!!!!!!!!!!!!!!! NÃÃÃÃÃÕOOOOOOOOOOOO!!!!!!! ALÉM DE VOCÊ ACHAR QUE SUPER SABE ALGUMA COISA POSTANDO UM MONTE DE ABOBRINHAS NAQUELAS FOTOS SOBRE DEUS, VOCÊ POSTA TAMBÉM FOTOS DE PESSOAS SEMI-NUAS, HORÓSCOPO, PALAVRÕES... NÃÃÃÃÃÃOOOOOOO!!!!!!!!!!! Porque Facebook também não é igreja, pelamor...


    Não, e muito pelo contrário, mas ainda assim, eu nem precisaria do meu conhecimento bíblico para já dizer que tais coisas não combinam. Ou seja, tudo está se resumindo numa única palavra: HIPOCRISIA.
   

   É realmente esse o problema, é realmente esse o problema...

   Mas há coisas no Facebook que eu gosto muito. Os recursos, aplicativos, e a interação são exemplos. Os Memes me conquistaram (HM, BOIOLA) e as montagens criativas e engraçadas geralmente são realmente muito boas. São somente essas coisas que ainda me fazem ter uma conta no Facebook.

   Outra coisa que as pessoas descobriram só depois que começaram a usar Facebook: que Clarice Lispector é muito boa!

   Eu gostaria muito que todos tivessem mais contato com literatura, sim, mas não dessa forma. Não tem como você dar uma de "cult" sabendo só uma frase que mal você consegue interpretar dela, garanto! 

   Divulguem, sim, a Clarice, mas não banalizem. PSEUDO-CULTS. Afinal, não tem como gostar de Clarice de ouvir funk ou Luan Santana - eu acho - e vocês tão fazendo isso ai que estou vendo!
  
   Na real, pessoal, o Facebook é uma ótima ferramente de comunicação atualmente, mas não vamos estragá-la com obscenidade, com justiça vã, futilidade, briguinhas de time de futebol (zoar vale, mas não brigar), fotos fortes... Vamos usar essa capacidade de chamar atenção para chamar com coisas engraçadas, pois eu gosto muito mais de ver montagens com cenas do Chaves do que saber se você gosta de mulheres de seios grandes ou homens fortes... e se você se vangloria por seu gosto de tapado, sinto muito em dizer-lhe que você está sendo alienado, que foi dominado por um pensamento externo e totalmente moldador do sistema que usa, principalmente, esses meios de comunicação. Tomem cuidado para não surfarem em todas as ondas, hein.


        E SE A CARAPUÇA SERVIU E NÃO GOSTOOOOOU.........


        pega eu... 




    






   Fiquem com Deus.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

SONETO DE SEPARAÇÃO / TOADA DO AMOR

"A maioria das coisas sobre o amor são clichês."

"Mas se não fosse ele, também, que graça que a vida tinha?"

Dois poemas que falam sobre o amor, mas sem clichês. Soneto de separação de Vinícius de Morais fala, obviamente, sobre as separações, e Toada do amor de Carlos Drummond de Andrade sobre essas particularidades do amor - suas coisas inexplicáveis.

 



Fique com Deus.

sábado, 6 de agosto de 2011

Razão x Emoção.

   "E os teus desejos ferventes vão batendo as asas na irrealidade. O que tu chamas de paixão, é tão somente curiosidade."


   Com essa frase do grande Manuel Bandeira é que inicio esse post. "Poemeto Irônico" foi escrito para as mulheres. Ele expõe bem os desejos e anseios femininos: todos eles desesperados. Não é uma crítica, pelo contrário, mas é a característica das mulheres: serem emotivas. Percebo que muitas são tão emotivas que não conseguem perceber que a solução não é chorar, e sim outro verbo mais útil: resolver.
   
   Por favor, meninas, vejam o poder que vocês tem. São belas, e são únicas!


   Um poema de meu.


   MULHERES
Partiram-se os véus do céu
Caíram aqui mil anjos maus.
Há algo mais doce que o mel
E bem mais pagão que um Baal.

O imã sedutor de bons
Homens bem são inocentes
Deixam-se levar ao som
De disfarçadas serpentes.

Onde nem anjos se afirmam
Pelo doce que não é.
Todos os outros confirmam:
Tão sedutora é a mulher!
Desencaminham na terra
Desencaminham no céu
Salvo, nenhum lugar é
Da vista duma mulher.












Fiquem com Deus.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

A TV está velha demais.

   "É que a televisão me deixou burro, muito burro demais."





  
   "Passa canal, volta canal - não há nada bom para assistir." Foi com essa pura falta do que fazer que percebi algumas coisas com relação a televisão. Percebi que alguns canais estão mais competitivos do que eram a algum tempo atrás, e alguns que quase chegavam ao monopólio hoje competem com a Rede Vida um dos postos baixos na audiência. Também reparei que alguns dos programas que eu gosto estavam me cansando, e exatamente por algo claro: está tudo repetitivo demais.
   Elaborei esse post para refletir como os canais brasileiros estão deixando a desejar e perdendo audiência simplesmente por tradições. Tudo para, sem querer, chegarmos a uma conclusão óbvia: não perca tempo assistindo TV. Analise comigo.

   Imitações e tortadas na cara.



   Lembro-me que, quando eu era pequeno, ou seja, nos anos 90, pelo menos para mim, foi novo a aparição de um tipo de imitação que agradava tanto a pequenos como os vovôs. Consistia em um "humorista" que imitava diferentes artistas de uma forma muito dinâmica. Foi essa modalidade de humor que consagrou grandes como Tom Cavalcante, Ceará (do pânico), Alexandre Porpetone, Fernando Ângelo, entre outros. Ou seja, eles colocavam uma peruca, faziam uma imitação barata que era sempre dos mesmos artistas como Maria Bethânia, Caetano Veloso, Silvio Santos, Faustão, e nos faziam dar risada. Sim, FAZIAM, quando era uma coisa NOVA.
   Notei o quanto isso está manjado, quando assisti ao programa Tudo É Possível, e foi feito um concurso para ver qual era o melhor imitador nessa modalidade. Nunca vi algo tão chato como aquilo! "Não poderia ser menos vindo de um domingo." Tudo bem que isso já faz sucesso e já até foi bom, mas hoje está manjado demais, ninguém ri e são imitações ruins. Qual é a graça de ver alguém imitando o Silvio Santos, o Ronaldo, o  Caetano Veloso...

   Como de prache, caminhando pelos canais da TV, vi um programa de competição, um jogo de perguntas e respostas. Uau, amo isso. Só tinha algo meio "velho": por que precisa dar tortada na cara? D:
   Eu chegava em casa todo dia do parquinho correndo para assisti Passa ou Repassa com o Celso Portiolli. Naquela época já era velho, mas ainda era legal. Também, no Passa ou Repassa não tinha só esse jogo, haviam vários outros, toda uma pressão da torcida... E vi nesse programa que não havia nada disso. Era somente perguntas e respostas, onde não se tinha torcido, mais nenhum jogo, e no fim não ganhava nada. XI, O... TA ERRADO ISSO AI, MANOOOOOO D: É o tipo de programa onde não se tem o que apresentar, onde os apresentadores não sabem o que fazem e onde o canal era realmente perdido. To ficando bravo já.

   Chamado "Tapa Buraco" + preciso para cumprir contrato.

   

   Eu, como espectador, senti o seguinte: parece que o SBT vendeu o Ídolos pra Record (Record mesmo, néah?) e ficou com os 4 bocós dos jurados para cumprir contrato. E ai, Sr. Silvio Santos?

"Oe, é, hm, é, poem eles para fazer PROGRAMA DE JURADOS, OOOOEEEEE!!!!!"


   Foi mais ou menos isso o que eu entendi.

   Além da "bósnia" que o SBT fez, não é esse todo o pior, o problema é por ser um programa de jurados, entendeu? Tipo assim: sabe fazer algo legal ou, principalmente, algo chato? Vai pra lá!
   Como que um programa com estrutura e tema tão velho consegue estar até hoje em horário competitivo quando a Globo está passando um jornal de nível internacional?! Meu Deus do céu, será que o errado sou eu!? (To surtando já)
   Os caras trabalham com MÚSICA, e colocaram eles para julgar TUDO. No maior estilo Perdidos na Noite, Show de Calouros (isso foi apresentado pelo Silvio Santos no fim dos anos 70, o que deu origem a esse tipo de programa)...!!
   Notem que o problema não é ser velho, e sim ser chato por SER velho. Muito, muito manjado e sem conteúdo nenhum; é o tipo de programa vazio - esse e os que seguem esse estilo até hoje.

   Falando sobre Silvio Santos.

   Lembro-me também que, quando pequeno, o SBT era o maior concorrente com a Globo. Eu mesmo odiava a Globo e amava o SBT. Apesar de sempre ter a grade de apresentações não muito fixa e passar filmes meio antigos, o SBT agradava, não só a mim, mas uma grande parcela da população brasileira.
   Naquela época, eram os anos 90/00. Tudo bem ter uns estilos de programa com traços do que foram feitos pelo SBT nos anos 80 talvez. Legal, beleza. O problema é que continua assim até agora. (morri já)

   Devido a grade de atrações não ter agora fixação NENHUMA e os programas serem chatos demais e os filmes serem todos do Silvestre Stallone e do Steven Seagal, mais ninguém, pelo menos da minha idade, no mínimo COMENTA a respeito do SBT.
   Estive eu assistindo um pedaço do programa do Silvio Santos. Todo o programa é realmente baseado no que ele já fez quando aquilo foi o máximo da televisão em épocas passadas. Hoje, no mesmo horário desse programa, há o moderno e atualizado Fantástico, o Pânico, o Domingo Espetacular, entre outros. O Silvio Santos deve comandar todo o SBT, e aquela emissora está tão velha, que foi rebaixada a níveis incríveis de rendimento. Com jogos antigos e brincadeiras que geralmente se fazem em circo, o Silvio quer levar a emissora toda. Ele construiu um império que esta ajudando a tombar. Lamento.

   Até eu to improvisando.

   

   Me perdoem se eu estiver errado, mas foi o primeiro que eu vi. Os Barbixas trouxeram para o Brasil um tipo de humor que até então era desconhecido aqui: o improviso. Lembro-me que não perdia um programa do Quinta Categoria, depois descobri que eles já faziam esse estilo de humor havia tempo. Hoje, todos conhecem os jogos como Troca, Frases, Perguntas, Abecedário, entre outros. Até onde eu sei, porque, repito, foram eles os primeiros que eu vi fazer, foram eles que trouxeram e executaram tudo muito bem pela primeira vez, e por isso, foram chamados para trabalhar na televisão. Foi muito bom, e, ao mesmo tempo, foi uma desgraça. Depois da saída deles da MTV, onde eles divulgaram bem seu trabalho, todo mundo começou a improvisar. Se fosse bom, esse não era o problema, o problema é SABER FAZER.
   Hoje, há diversos grupos que fazem improviso, só que não é bom mesmo. E nem se fosse, já está enjoando mesmo.

   Conclusão.

   Se hoje a Rede Globo, a Record e a Rede TV tem o monopólio da TV brasileira, não é de admirar, devido como as outras emissoras fazem o máximo para manter-se conservadoras, enquanto a tecnologia e as ideias são outras em já outros tempos. Ainda assim, há programas nas três emissoras que tem esses traços, mas, pela falta de qualidade, são as melhores.

   Sabe o que você pode fazer ao invés de assistir TV? Leia um livro ou tente aprender a tocar um instrumento novo. É o jeito. De coração


   Fique com Deus.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Quem conta um conto, aumenta um ponto / Eles.

   "Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma."

 Eu sabia que estava esquecendo algo por esses dias. Acontece que esqueci de mandar meu conto para o concurso que o Jornal Cruzeiro do Sul está fazendo. Consiste nos leitores enviarem algum conto próprio que jamais tenha sido publicado, até mesmo em páginas da Internet, onde os 20 melhores (se não me engano é esse o número) seriam escolhidos para a produção de um livro com esses. O prazo de entrega ia até dia 5 desse mês, portanto, perdi.
   Agora que não há mais porque eu esconder, o colocarei aqui. 

   Talvez tenha sido por isso mesmo que esqueci de enviar :P

   De praxe, é um romance. Espero que gostem. Obrigado.

                                                                 Eles

Eles cresceram juntos. Desde criança moravam perto, mas não foi apenas isso o que os tornou próximos demais. Ele tinha 7 anos quando a conheceu, não a admirando mais do que por ter uma nova amiga. Eram vizinhos de muro, mas logo se tornariam residentes no mesmo amor.
O tempo passou e a adolescência aflorou os sentidos de homem e mulher. Tornando-se grandes amigos, aos 12 anos ele não a mais via como uma simples amiga, afinal, Ela estava se tornando linda, de cabelos loiros e novos como a alva que vem toda manhã e de pele branca como a neve que Ele só via em pensamentos. Infelizmente, assim como a neve, ele só a admirava melhor nos sonhos incompletos, porque nunca conseguiu ser mais que seu amigo.
A Rua Constantinopla, de uma cidade onde nem os grandes mais sabem onde fica, foi palco de um dos maiores amores adolescente já visto em toda a história. Os nomes não se sabem, mas Ele e Ela foram amigos, que muito quiseram ser amantes, mas foram apenas amigos.
Ele também não passou despercebido aos olhos dela. Ele havia se tornado um rapaz bonito. Ficou alto, magro e elegante. O terno bem alinhado e a barba rala deram um charme ainda maior quando completou 18 anos. As meninas da cidade suspiravam por Ele, que galanteava com prazer, mas nunca deu amor a nenhuma das raparigas de lá. Apesar do charme empregado mesmo para o galanteio, não era para elas, e sim para Ela, que parecia gostar, mas nunca explicitar. Mesmo assim, eles andaram de mãos dadas muitas vezes, mesmo Ela dizendo que não era nada mais que amizade e que Ele era nada mais que um irmão de coração.
Eles se encontravam todos os dias, às vezes na casa dele, mas principalmente na dela. Iam para o sótão, pois era um lugar tranquilo e quieto e conversavam por horas e horas. Ela estava cada vez mais bonita, cada vez mais mulher, e Ele cada vez mais famoso entre as rodas das meninas da cidade. Numa de suas conversas, Ela disse com o desdém do ciúme: “Você está famoso. Realmente se tornou um rapaz bonito. Por que não namora alguma das nossas amigas? A Flávia, a Cláudia, a Heloisa... Todas querem fazer carinho nesse cabelo lambido.” Sem muita demora, ele derramou seu coração: “Meu amor não é de todas, somente da mulher que me faz sentir homem”. Com a cara cada vez mais fechada, Ela retornou: “Quem?” Sem pressa ele disse: “Aquela que me provoca, que sabe que eu a amo, que me chama de irmão, mas me dá a mão como se fossemos namorados.” Ele saiu logo após a fala.
Saiu por algumas horas. Voltou no dia seguinte. Encontrou-a rindo como nunca havia visto antes. Nunca a havia visto tão adornada como aquele dia. Parecia que ia para a festa de aniversário do Coronel. Surpreso, Ele perguntou: “Porque tamanha arrumação?” Ela disse com um sorriso da alva: “Porque hoje é o dia mais feliz da minha vida.” “Por quê?”, insistiu ele. “Porque me tornei mulher, porque um homem me ama”, disse ela correndo para seu quarto. Ele foi embora.
Depois desse dia as coisas mudaram. Fizeram promessas de amor, logo, de loucos, mas nunca afirmaram o compromisso que tanto desejavam. Ela nunca foi dele, e Ele nunca foi dela. Andavam sempre juntos, encantando o mundo à sua volta, com o amor que contagiava até as flores murchas, até as velhas senhoras que nem mais se lembravam dos falecidos maridos.
O amor foi crescendo cada vez mais. Os pais deles e a mãe dela gostavam daquilo que parecia ser um futuro casamento. As duas famílias viviam sempre juntas. Não seria de admirar que aquela amizade tão próxima se tornasse mesmo num casamento bem sucedido. Contudo, o pai dela, dono de uma fábrica de chapéus, estava quase falido. Afundado em papéis de dívidas, ele também se afundava nas lágrimas. A saída parecia ser única: juntar-se com outro empresário mais sucedido, na parceria que salvaria sua vida, nem que destruísse a de alguém. Foi mesmo o que aconteceu.
Numa manhã de domingo, o pai maldito e a filha foram até a casa do que alguns contam ser Bento Arfazam, um rico e bem sucedido empresário da época. Era dono de uma fábrica de sapatos que queria expandir seus negócios. Ele tinha um filho, que não se lembram o nome, mas, mesmo com o nome esquecido, lembra-se do crime cometido por pai e filho.
A oferta foi irrecusável, a junção – triste. O pai dela ofereceu-a como para noiva o filho de Bento. Irrevogavelmente, estava feito. A aliança de ouro nos negócios feita e a aliança de prata nos dedos dela eram as algemas de uma alma aflita.
Ele ficou surpreso quando recebeu a notícia. Seu chão havia sumido. Chorou por noites sem cessar. Seus olhos verdes tornaram-se cinzas, sua veste perdeu a cor, seu cabelo recebeu os ventos do desalento profundo e ficaram bagunçados como ninho dos pássaros que não mais cantavam na cidade. Ele foi reduzido a um torso, mesmo com membros literais, mas depois do que havia perdido, só lhe sobrara o peito que era tristeza total.
Os anos passaram. Ela se mudou para longe da Rua Constantinopla e da cidade que muitos não lembram. Fora morar numa mansão a quilômetros de distância dali. Fora mulher triste, porque residia no mesmo amor findado do amado exilado. Choraram mutuamente na distância que chegava a ser, algumas vezes, confortante para os olhos apaixonados de um amor que não se podia consolidar.
Cartas foram o que sobraram. Ele e Ela correspondiam-se. Ela pedia para esquecê-la, pois seria melhor para ambos. Mandava-o casar-se, vadiar, ir para a boemia. Ele não foi. Estranhamente, sua esperança reanimou. Ele achou que podia reverter a situação. Nada a prendia totalmente ao marido; nenhum compromisso a não ser o título de mulher de um homem que não amava, por estarem juntos por uma aliança egoísta que já estava feita, que estava consolidada, que havia mostrado resultado.
Ele penteou seus cabelos como antes, como há muito muitos não viam. Vestiu seu terno verde como seus olhos que não mais eram. A cartola foi à perfeição! A viagem era longa, os perigos seriam muitos, portanto, fez uma mala grande com tudo o que seria necessário e carregou seu revólver para caso de precisar. Beijou sua mãe e despediu-se. Pegou o trem na estação que costumava brincar com Ela quando criança, e partiu rumo ao endereço que vinha nas cartas enviadas pela amada impossível.
Chegou ao local alguns dias depois. A mansão era isolada. Não havia casas ao redor, nem uma cidade acolhedora. Era uma fazenda gigante, um latifúndio. Ficou abismado ao ver que ao fundo, no quintal macro, uma festa corria de felicidades mil. Ele adentrou o local com o peito estufado de homem destemido que era, pois não perderia nada, já haviam lhe tomado mesmo tudo.
Ficando hirto no espaço ocupado, fitou-a com os olhos que, de cinza, aos poucos foram retomando a cor da esperança que só ele tinha. Ela continuava linda. Na verdade, estava mais linda do que nunca: sorridente ainda como uma menina, mas já com corpo e feições de mulher completa. A saia rodada até o chão, branca com listras rosas era como se nem coubessem nos moldes humanos de beleza, devido a deusa que vestia-a. Apesar do sofrimento que havia passado anos atrás, Ela parecia estar feliz. Ria e conversava com os convidados de uma maneira como se uma dádiva houvesse lhe caído dos céus. Mas Ela parou no momento em que viu o amor que há tempos que não via.
Sem acreditar e de passos curtos, devido à paralisia momentânea dos membros do corpo diante de tamanha surpresa, ela caminhou em direção do seu antigo baluarte perfeito. “Como... Como pode...” Gaguejou Ela. “Não digas nada, mulher.” “Por que vieste até aqui?” Perguntou ela estupefata. “Para tomar de volta o que me arrancaram e levaram junto com meu coração e alma”, respondeu o exilado.
Eles correram para dentro da casa. Conversaram a respeito da loucura que Ele estava fazendo. Ele fez questão de contar toda a esperança resgatada de onde nem sabia exatamente. Contou de seus prantos, da amargura que a vida havia se tornado, das dores do peito triste, da falta de vida que a vida lhe proporcionara. Eles choraram, mas não podiam sequer se tocar, pois, a qualquer momento, alguém poderia adentrar a mansão. Ela também fez confissões como Ele nunca havia ouvido antes. “Minha viagem não foi em vão. Vou tirá-la daqui”, ludibriou-se.
Mas a notícia veio como mil facadas no peito que havia resgatado há pouco. “Tenho um filho de um ano. Não posso ir com você. Sou casada, sou mãe, sou mulher! Por mais que eu queira, o compromisso é das dores que assumi, da minha imagem e da minha moral!”
Então, definitivamente, Ele tornou-se inteiro cinza. Chorou lágrimas únicas que por dentro eram muitas. “Perdão por vir”, disse soluçando. “Posso ver o filho de seu?” “Claro” Ela respondeu.
Adentrou um quarto lindo, todo azul. Os brinquedos eram muitos: os mimos da criança culpada pela não possível volta de um amor trágico. O menino no berço era lindo. Loiro como nunca alguém vira antes. Assim como possuía a pele da mesma cor branca de sua mãe, seus cabelos também o eram - os cabelos que Ele havia afagado poucas vezes. Eram esses os mais invejados mimos do garoto que não tinha culpa alguma da culpa que tinha.
“Pegarei um copo d’água. Volto já”, disse Ela secando suas lágrimas. Ele, sem dizer nada, fechou e trancou a porta após a saída da mulher. Fitou com ódio o garoto que dormia como anjo nas nuvens. Não era mesmo mais que um anjo. Um anjo com culpa pesada; pesada, assim com as palavras proferidas ao garoto que não ouvia nada, a não serem os sonhos que se sonha um protótipo:
“Sabes tu o que me tiras agora, garoto? Tempo e esperança, pois vim de longe, nem que a distância seja de menos, mas tiras-me a mulher que nunca foi minha e que muito desejei. Tiras-me o sorriso, a beleza, o encanto de menino que tinha. Tiras-me o sorriso, a beleza e o encanto da mulher que escolhi desde menino para ser comigo o que não consigo ser por mim. Tiras-me tudo: a vida, o sorriso, a esperança, o peito, felicidade, harmonia, o eu que não é mais nada e o eu que nunca fui! És culpado pela culpa que nem sabes que tem parte, por tudo que és! Não há mais motivo para a vida. Se há um verdadeiro culpado, cortarei o mau pela raiz”, disse ele sacando a arma do cinto de couro. “Terminarei com a vida do culpado, sim, do verdadeiro, que não és tu, somente eu, por não ter consolidado o amor por que vivi; por ser quem sou.”
Ele caiu morto com seu suicídio. O culpado verdadeiro fora levado. Ele mesmo não perdeu nada, estava morto havia muito tempo.

   Essa é a história de Ele e Ela, que muitos contam com dor no coração. Mas minha dor é especial, por ter dado Ela como pretexto egoísta para os negócios que tive. E agora, não me sobra muito, senão o tudo, que como sempre, já me é nada.





   Fiquem com Deus.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

O Beco.

"A suspeita sempre persegue a consciência culpada; o ladrão vê em cada sombra um policial." 



 Os homens ostentam poder, estadeam glórias a eles mesmos e se intitulam deuses. Até que vem o beco. Nenhum homem é ele mesmo ao passar pelo beco. Os homens tremem de medo, de seus antigos medos, ao passar pelo beco. Com medo dos que calaram há muito, quando o poder só era exato quando havia luz. Mas se realmente fosse exato, seria existente também no escuro. No beco, só há os medos, onde os homens mostram que são nada mais que ludibriadores de si mesmos.

O BECO

Os becos são mais escuros
Quando o sério transeunte
Em passos fortes e curtos
Com medo dos tantos furtos
Passa simulando essência
Brincando com a sua sombra
Vertendo medo em alusão
Do nada que sempre foi
À busca vã do que foi
Procurando lá a razão.

Ludibriando-se por horas
Para o momento na noite
Repudiada e esperada
Em que a mente não controla
E que a alma tanto chora:
Tamanha intimidação!
E que na mente do homem
São restos daquele gole
Que eram simples perdão
Das sombras que tanto somem.

Bem riem vastos os ratos
Do homem a sua pequines.
Por fazerem suas diabruras
Com os homens maus da rua
Correndo ébrios por sua vez.
Depois, os mesmos se fartam
Descobrindo seu valor
Vendo o trépido pavor
Dos homens que tem poder
E no beco nada, só temor.




Fique com Deus.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Não mais que uma vista / Lord Alegre.

   "Carpe Diem!"

 HOJE! Um dia tão normal quanto qualquer outro. O que eu poderia esperar? Mas, além de ser recompensado por ter trabalhado na obra que amo, fui recompensado com uma vista linda como essa.


 
   Com certeza você deve estar se perguntando o que há de tão especial nessa fotografia. A criação vista na tela reciclável de um computador não pode ter o real impacto como de quando vista pessoalmente, na graça de ver e sentir.


   Quando tive o privilégio dessa vista, o sol estava absurdamente gostoso, e não fornecendo mais calor que o necessário; apesar da culpa não ser dele se hoje fritamos ao meio-dia. Mas ele iluminava com a graça das primeiras eras, como se mostrasse-me algo que estava na palma de suas mãos.


   Na mão da luminescência. Vi de cima de uma casa uma rua brasileira como qualquer outra. Mas esse verde estava lindamente verde, aquela casinha de boneca brilhava com esmero que as casas em volta não tinham, e, ao lado onde a câmera não fotografou, estava a perfeição!...

   "Eles nascem com a graça." Uma escola pré-primária! Eu vi, sim, eu vi crianças brincando com sorrisos largos e transcendentes! Corriam e brincavam como se o mundo fosse nuvem; e, realmente, para elas são apenas as nuvens, o sol e o verde da grama. 


   Quando parece que o tudo foi descoberto e não há graça em viver devido ao cinza da cidade, devemos agir como as crianças.


   "Os mansos herdarão a terra, e deveras se deleitarão na abundância de paz."


   Que me corrija o que vem do céu.




   Um poema de meu.

   LORD ALEGRE



 O trépido andarilho
Que roda em rodas tontas
Anda atrás do martírio
Que planta em seu caminho
Sofrimentos que afronta.

Nas praças de vias gélidas
Dança qual nobre que é
Dança nobre que anela
Deixado foi por ela
Nem a música o quer.

Pelo riso dos tristes
O olhar dos desatentos
Dançava pra que o vissem
Pra que os nobres sentissem
Tal  amor do poeirento.

Fez florir tantos risos
Surgir flores nas pedras
No total improviso
Mas na intenção conciso
Contra o mal que se encerra.

Servido foi há muito
Resolvendo servir
Logo deixou seu tudo
Esqueceu-se do mundo
E os outros fez sorrir.

Sua fama espantou muitos
Que vieram amor pegar
Pois o mundo não o é
A qualquer um que quer
Um amor assim ganhar.

O além ouviu seu riso
E veio amor buscar
O Lord disse: disso,
Não muito mais que isso,
Jamais irei negar.

A morte o contatou
Veio seu prêmio ver
O velho então girou
Da morte se agradou
Por ele assim querer.

Correu tão bobo o Lord
Tão feliz que nem viu
Movido pela a sorte
Agradecendo a morte
Que servido, a serviu.


   Fique com Deus.