sábado, 30 de abril de 2011

E o casamento do príncipe? / Se.

   "Primeira vez que vi um príncipe se casar sem ser em um filme da Disney."

   Na manhã (para nós no Brasil) de 29 de abril, o mundo parou para ver o casamento entre o príncipe William e a nascida plebeia Kate Middleton. 
   Achei tudo uma graça, nossa, coisa linda. Ouvi algo sobre isso há algum tempo, mas por não estar "antenado" nas notícias TERCIÁRIAS do mundo, devido ao tempo que não me pertence, neeeeeeeeeem imaginava que o casório aconteceria tão brevemente.
   Estava eu indo comprar paçocas na cantina da escola, quando percebi a transmissão ao vivo na TV. Achei tudo muito brega na verdade. Não gostei da roupa dos noivos, do padre, da roupa amarela da tiazinha que aparecia toda hora; de nada! Mas algo me chamou muita atenção...

   Em meio ao luxo, o lixo. Para assistir a cerimônia, milhares de populares se aglomeraram no lado de fora do palácio de Buckingham, formando, verdadeiramente, um mar de gente.
   Após à cerimônia, ouvi muitos brasileirinhos falarem: "Nossa, que perda de tempo dessa gente."; "Bando de otários, não tem mais nada o que fazer."; "Nossa, não ligo nem a TV para ver isso e esses vão até lá."; "E AINDA PINTAM O ROSTO?"...
   A fúria subiu à minha cabeça em questão de milésimos de segundo. Por quê? Simples. Quem vai dormir tarde para assistir reality show está com moral para falar algo sobre? Quem pinta o rosto para assistir jogo de futebol com as cores de time tem moral para falar algo sobre? Quem só é brasileiro quando é época de Copa tem moral para falar algo sobre? Quem torce para alguém morrer em nome da nação só para ter feriado tem moral para falar algo sobre? 

   Se fosse aqui, não seria feriado só no dia em que o evento aconteceu, e sim, durante a semana toda.

   Brasil.... Não enche! (Troquei o verbo para não ficar feio)


   Um poema meu.

   SE

    Algumas noites são de arder.
   Como se comesse espinhos.
   Como se mais por obrigação,
   Do que realmente por prazer.

   Engulo como se pedra
   Garantisse meu sustento;
   Sustento para quem se erra
   Para viver-se de lamento.

   Lamento viver.
   De verdade quase nada
   Há de bom se me haver.

   Logo engulo para temer
   De se parar na garganta
   O que não quero p'ra comer.



   Fique com Deus.




terça-feira, 19 de abril de 2011

A lua é de praxe.

  Enquanto não termino alguns esboços que quero lançar a vós, continuarei a postar meus poemas.

  Todo poeta que se preza faz um poema sobre a lua. Como o assunto é vasto sobre esse astro adjacente, melhor seria de versos-livres, onde pode-se discorrer com calma e sem preocupação. Quiz fazer isso, mas quando vi, estava metrificado.
   Neste poema, o eu-lírico dialóga com a lua como se ela risse de sua desgraça. Realmente, quem nunca conversou ou pensou em conversar com essa atriz dos céus escuros que todos nossos pesos vê? É um crédito à demência.

   INVEJOSA LUA

Porque tu ainda insistes,
Satélite em rotas prévias
Que rondas em mesas ébrias
Ver-me assim tão triste?

Encara-me ao ponto
Esfrias-me na minha espinha
Duma covardia não minha
Diante de tal afronto.

Eu caído em tristeza
Tu caídas em felicidade
Ris e conta a toda cidade
Sobre a humana natureza.

Quantos já ouvistes
Relatos de sofrimento
Tantos outros de desalentos
Que apaixonados homens lhe contaram.

E ris assim tão seca
Dos desiludidos feitos
De homens que em seu forte peito
Outrora certo amor carregaram.

Boêmios apaixonados
De esperança sempre viva
Revivendo a triste vida
Procurando aos lados
Para muitos humanos ver.
Diversidade tão imensa
Oportunidade intensa
Para seu amor reviver

E no céu é quase nada de sua natureza exótica.

E ris falsa para aliviar
A dor de também estar só
Nessa sua noite de luar


Fique com Deus.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Do Goethe/Do Biro.

"Rir é atormentar a tragédia interior que ama o silêncio."


"Sei que nada me é pertencente
Além do livre pensamento
Que da alma me quer brotar,
E cada amigável momento
Que um destino bem-querente
A fundo me deixa gozar. "

(Johann Wolfgang von Goethe, in "Canções".)


   Espero que essa frase tenha um sentido conotativo, mas confesso que fiquei em dúvida quando li. De qualquer forma, ainda é Goethe.


   Um poema de meu.



IDENTIDADE


Quem partiu, partiu sem dó.
Para trás deixou pedaços
De um Eu quase sem rastros
Feio, velho, sujo e só.

Partiu em busca da identidade
Muito secreta e pouco exata
Mui desconhecida e desejada
E muito longe da serenidade

Achou os passos do futuro
Nos erros do presente
Da imperfeição inerente
De um estado não seguro

Procurando o lugar mapeado
Encontrou terras que no papel não estavam
Descobertas que realmente lhe provaram
Que era realmente ser o esperado

Que era o que era.
Seu mundo fez-se guerra
Sua identidade desejada
Há tempos encontrada.

Não se pode ser o que não é.



Fique com Deus.

sábado, 9 de abril de 2011

Apenas um desabafo, apenas um pretexto.

"O Antonio Rolim não é um poeta fácil." (Alvarenga)

   Uso deste espaço para escrever o que me para em minha garganta, onde as palavras emitem os sons que jamais gritei.
   Portanto, e como sempre, estou irritado com as pessoas que não entendem as artes, o conhecimento, as filosofias...

  "Porque de minha poesia, só eu me orgulho. Pois a maioria está muito ocupada com as cenas do mundo irracional, onde o distorcido é concreto e o concreto é desconhecido. Porque as pessoas se empanturram de TV e ficam bitoladas pelos biscoitos. E se tudo é culpa da mídia, digo que não. A mídia mostra o que é para ser mostrado e as pessoas vêm o que não é para ser visto."

   Contemplar o silêncio e a solidão é um dom de poucos.
   Um poema meu:


   O SILÊNCIO


   Tem horas que para alívio
   Tem horas, que para dor
   É como confiar em inimigo
   Um não consolidável ator.


   A hora em que os poetas acordam
   Com o barulho da solidão
   Para falar da pobre desgraça
   Encravada no coração.
  
   Não desejo algo mais.
   Deveras esse mesmo já me é
   O esconderijo perfeito
   Para escrever o que no peito
   Se faz um sentimento qualquer.






   Fique com Deus

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O blog de R$ 1,3 milhão.

  
   "O mundo precisa de poesia." - E de comida também.

 Algo que me interessa muito vem criando debate no Brasil durante as últimas semanas: a criação de um blog intitulado "O Mundo Precisa de Poesia", que é apoiado pelo governo e terá como verba R$ 1,3 milhão.
   Uau! Com certeza esse blog será muito bom! E não duvido disso. Fica evidente desde sua apresentadora, no caso, a artista Maria Bethânia, que cantou e declamou poesias durante toda sua carreira. Mas esse rumor me causou uma revolta muito, muito grande mesmo. Por mais que eu ame poesia e queira as espalhar para o mundo, não aprovo tal projeto, e farei questão de dizer o porquê.

   Tenho falado sobre poesia às pessoas há muito tempo, e posso contar no dedo quantas gostam de tal arte. Muitos não gostam, mas não maldizem. Outros amam e as defendem, leem e até escrevem! - Mas são raros. E maioria (tendo em vista que ISSO É BRASIL) abomina. Seria então realmente necessária a verba de R$ 1,3 milhão para a criação da página? Tudo bem que, por dia, será lançado um vídeo de boa qualidade com a grande Maria Bethânia declamando poesias de renomados autores, mas, por mais que tenha tal alcance, já que é uma página de Web, não chegará nem será de uso de muitos brasileiros, pois a maioria não tem o costume de se entreter com poesia. Ou seja, é muito dinheiro para muita pouca gente.
  
   Enquanto mais um milhão é gasto de forma inútil pelo governo, o Brasil decai nas mãos de políticos que tanto prometem e nada fazem - ou melhor, fazem: do nosso dinheiro uma farra, ao invés de gastarem-o num âmbito GERAL.
   Não farei questão de dizer os problemas do Brasil, pois, quando mencionados, soam como clichês, já que sabemos, pois VIVEMOS toda a desgraça de ser brasileiro. Mas agora temos uma novidade: pagaremos impostos para virarem poesias jogadas ao vento. Que bonito! Que poético!

   "Batatinha quando nasce, se esparrama pelo chão,
    Brasileiro quando acorda, não tem batata nem feijão."

   Quem sabe ela não posta isso no blog dela. O meu site tem um ar de poesia e ele está aqui.

   Se o governo realmente quer tornar nosso povo mais culto, ou pelo menos mais "civilizado", já que os grandes eventos estão por vir (2014 e 2016) e apareceremos ao mundo, que comece desde baixo, investindo nas escolas, nas crianças, nos jovens, e não dando pérolas aos porcos. Se hoje o brasileiro não gosta de poesia, não é só porque não teve boas aulas de português, mas uma escola boa, aonde a educação vinha em primeiro lugar - coisa que não acontece mais nesse país.

   E de boa... Nunca gostei da Maria Bethânia, muito menos de seu irmão: Caetano Veloso; que muito empina o nariz sem méritos, quando deveria aprender com Chico Buarque, além de realmente fazer música, a ter a humildade desse, que sempre foi muito mais músico, poeta e artista. Caetano Veloso que tanto gosta de escarnecer o governo, agora, pelo blog ser de sua irmã, nada diz. Coitada da Dona Canô, que muito ainda terá de se explicar pelos erros do filho e da também não humilde filha.

   Quer saber? R$ 1,3 milhão nem é nada comparado ao quanto eles roubam.